Nem todo final precisa ser trágico. Às vezes, ele é apenas o início de um novo formato de amor.
Na vida real, diferente dos contos de fada, casais se separam. Laços se desfazem, projetos mudam de direção, e famílias se transformam. Mas o que fazemos com essas transformações? Como seguimos quando o amor entre duas pessoas se encerra, mas ainda há filhos, vínculos, histórias?
Na Constelação Familiar, aprendemos que o amor não se perde — ele apenas muda de forma. Um casal que se separa pode continuar sendo uma família, agora com novos contornos. Quando há respeito, clareza de papéis e um olhar amoroso para o que foi construído, todos ganham. Inclusive — e principalmente — as crianças.
E aqui é onde entram dois princípios fundamentais do olhar sistêmico: precedência e prioridade.
A precedência diz respeito à ordem natural das relações. Quem veio antes, permanece com seu lugar respeitado. Por mais que um novo parceiro ou parceira chegue à vida de um pai ou de uma mãe, o lugar do ex-companheiro ou ex-companheira como pai ou mãe das crianças é insubstituível. Ele ou ela veio antes, e isso precisa ser reconhecido com maturidade.
Já a prioridade, nesse contexto, fala da responsabilidade que os pais têm com os filhos. Antes de formar uma nova família, há uma que já existe — e essa precisa ser honrada. A nova relação pode florescer com mais leveza quando os filhos sentem que não estão sendo deixados de lado, mas sim integrados com amor ao novo ciclo.
Imaginem as seguintes cenas: o casal que se afasta, a dor inicial, os caminhos diferentes, a entrada de novos parceiros, e a convivência possível — e saudável — entre essas novas formações.
E sobre os filhos, eles continuam sendo crianças, livres para amar todos que fazem parte da sua vida. Eles não precisam escolher lados, carregar lealdades, ou sentir que amar o pai ou a nova companheira é uma traição à mãe, por exemplo.
Quando os adultos curam suas feridas, tomam seu lugar de pai e mãe com dignidade, e liberam o outro de expectativas, o amor volta a fluir. E ele se expressa nos pequenos gestos: um respeito mútuo, uma conversa tranquila na troca das crianças, um olhar de gratidão pelo que foi possível viver.
As famílias podem mudar, sim. Mas o que nunca deveria mudar é a base: o amor. Esse que não precisa ser romântico para continuar sendo verdadeiro.
"O amor pode até mudar de forma, mas nunca deixa de ser amor quando há respeito e verdade."
A Constelação Familiar e a Terapia Sistêmica podem ajudar profundamente nesse processo. Elas trazem à tona os emaranhamentos invisíveis que impedem o amor de fluir — como mágoas entre ex-parceiros, lealdades inconscientes dos filhos, ou repetições de padrões familiares. Ao olhar para esses elementos com consciência e respeito, é possível curar feridas, restaurar a ordem e permitir que os novos vínculos sejam construídos com mais clareza e leveza.
Te vejo em terapia.
Terapeuta integrativa. Constelação Familiar e Reiki. Psicoterapeuta. Graduada em Psicologia desde 2008. Insta: @gabybernardi.
gabibernardi@yahoo.com.br
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