Mulher solicita medida protetiva após perseguição e relacionamento amoroso com padre em SC

"Ele era padre e quando saía da igreja era meu namorado", declarou fiel em entrevista.

Por Giulia Sacchetti Ferreira

11/12/2024 10h14



Uma mulher de 25 anos solicitou uma medida protetiva após passar por perseguições e ameaças psicológicas depois de viver, por cerca de um ano e meio, um relacionamento amoroso com um padre da paróquia de Araranguá, no Sul de Santa Catarina.

De acordo relatos da jovem, que é nutricionista, ao Oeste Mais, a história entre os dois começou após uma confissão, em abril de 2023, quando o padre, de 35 anos, começou a se aproximar emocionalmente e enviar presentes como flores, cestas e perfumes. Após 12 dias do contato inicial, os dois saíram pela primeira vez.

Depois disso, a mulher e o pároco começaram a conversar e sair frequentemente, chegando a manter um relacionamento amoroso por cerca de um ano e meio. A jovem diz que ninguém sabia do suposto namoro, mas afirmou que os dois saíam com amigos, postavam fotos e chegaram a viajar juntos.

Ao mesmo tempo que vivia um relacionamento, a nutricionista sabia que aquilo era errado e confrontava o padre. "Cheguei e falei pra ele: não tem como! Como que tu não se sente mal? [...] Se tu consegue viver no meio da mentira, eu não consigo", contou a mulher.

"Ele era padre e quando saía da igreja era meu namorado", declarou.

Durante um mês que passaram afastados, uma paciente foi até o consultório da jovem e comentou que o padre mantinha relações com uma amiga dela. O que já era de fato, um pecado aos olhos da igreja, se tornou motivo de dúvida para a nutricionista, que questionou o padre sobre o relacionamento.

Ainda em entrevista, a mulher afirma que o padre confessou ter saído com a outra mulher. Depois disso, a nutricionista tentou novamente acabar com o namoro entre os dois, e a partir daí, começaram os problemas. Buscando orientação, a jovem relatou a situação a outro sacerdote, que a orientou a levar o caso ao bispo devido à gravidade dos fatos.

Perseguição e chantagem psicológica

No entanto, antes que qualquer ação pudesse ser tomada no âmbito eclesiástico, o sacerdote foi à delegacia. Segundo fontes, ele teria agido temendo que fotos ou mensagens relacionadas ao caso fossem expostas publicamente.

Ao tentar terminar o relacionamento, o padre começou a dizer que iria largar o sacerdócio e assumir a relação com a fiel. Ele falava que a mulher não poderia abandoná-lo, pois ele gostava muito dela. "Ele falava: tu é a única mulher que eu me relacionei e isso tem um peso muito grande. Eu vou deixar de ser sacerdote, eu tô organizando a minha vida", conta.

Além disso, ela relata ter sido alvo de chantagens emocionais, com frases como: “Se você for embora, eu não sei o que pode acontecer comigo. Você não pode me deixar.” A mulher alega ter fotos, vídeos e áudios que comprovam as declarações.

Cansada das mentiras, a nutricionista resolveu solicitar uma medida protetiva para impedir que o padre se aproximasse dela. O pedido foi aceito no mês passado. Com medo, a mulher, que chegou a conversar pessoalmente com o sacerdote e o bispo responsável pela diocese, contou tudo para a família.

Em conversa com uma rede de televisão local, a jovem disse que resolveu ir para a mídia para evitar que nenhuma outra mulher passe pelo que ela passou.

Com a acusação e a medida protetiva, o padre também decidiu registrar um boletim de ocorrência contra a mulher, acusando-a de injúria e difamação. Na ação, ele teria dito que a nutricionista a seduziu. 

O Oeste Mais entrou em contato com o padre através do Instagram em uma solicitação de contato, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem. 

Afastamento

Nesta segunda-feira, dia 9, o pároco publicou uma nota nas redes sociais, informando o afastamento por tempo indeterminado da paróquia e informando o nome de outro padre, que o substituirá. Confira o texto na íntegra abaixo:

“Caros irmãos e irmãs. No início desta tarde gostaria de lhes dirigir uma palavra. Primeiro agradecer por todas as orações e apoio a mim e principalmente à Paróquia. Na tarde de ontem, em reunião com meu bispo, tomamos uma decisão. Para o bem da nossa Paróquia, e para o bem de minha saúde mental e psíquica, Padre Antônio Júnior ficará à frente da paróquia por um tempo indeterminado, eu estarei afastado até que haja uma decisão definitiva. No momento é o melhor a se fazer, tenho ciência que tudo isso está fazendo mal à paróquia e a mim mesmo. Peço que continuem firmes, em oração. Gratidão a todos”.

Abalo emocional

Ainda em conversa com o Oeste Mais, a jovem disse que a situação tem mexido bastante com o psicológico dela. “Algumas pessoas acham que estou fazendo tudo isso pra me aparecer, pra me expor, pra ganhar seguidores, mas assim, eu sempre trabalhei bem, eu nunca precisei me expor pra nada disso, é até um absurdo”, destaca.

Até o momento, as redes sociais da paróquia de Araranguá e da Diocese de Criciúma, que abrange 26 municípios do Sul catarinense, não publicaram nada em relação ao caso.


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