Será que colocar comida quente na geladeira estraga o eletrodoméstico ou prejudica a conservação dos alimentos? Essa é uma questão que divide opiniões. De um lado, há quem diga que o choque térmico pode aumentar o consumo de energia e comprometer o resfriamento interno. Do outro, especialistas garantem que essa prática é essencial para evitar a proliferação de microrganismos.
Afinal, qual é a verdade?
O biomédico Roberto Martins Figueiredo, conhecido como Dr. Bactéria, esclareceu o dilema em uma participação no Falatuh Podcast. Segundo o especialista, não há problema em armazenar alimentos quentes na geladeira, mas existe um detalhe essencial: eles não devem estar cobertos.
"A geladeira é uma caixa de metal com um compressor que fabrica vento. O vento frio, que é mais pesado que o ar quente, desce e rouba o calor do alimento. Se o recipiente estiver tampado, esse processo não ocorre de maneira eficiente. Então, a recomendação é só tampar a comida após duas horas na geladeira", explicou Dr. Bactéria no podcast.
E o mau cheiro?
Muitas pessoas se preocupam com a possibilidade de odores desagradáveis na geladeira ao deixar alimentos descobertos. Porém, o Dr. Bactéria garante que há uma solução simples para evitar esse problema: o bicarbonato de sódio.
“Coloque uma xícara de café de bicarbonato em pó no fundo da primeira prateleira da geladeira. Esse bicarbonato absorve os odores. Uma vez por mês, mexa nesse bicarbonato. A geladeira não vai pegar o cheiro de nenhum alimento”, comentou o especialista.
Os dois lados da moeda
Ainda assim, o assunto gera controvérsias. Especialistas da Brastemp, marca de eletrodomésticos brasileira, apresentaram dois pontos de vista diferentes sobre o tema no blog da marca.
O primeiro argumento é contra colocar comida quente na geladeira. Segundo essa linha de pensamento, o ato pode prejudicar o funcionamento do eletrodoméstico a longo prazo, aumentando o consumo de energia. Isso acontece porque a geladeira precisa trabalhar mais para estabilizar a temperatura interna, podendo influenciar a conservação dos demais alimentos.
Além disso, o vapor liberado pelos alimentos quentes pode alterar a circulação do ar frio dentro da geladeira, comprometendo o resfriamento adequado de outros produtos armazenados.
Por outro lado, há quem defenda que essa prática não só é permitida, como é a melhor escolha para garantir a segurança alimentar. A engenheira de alimentos Cíntia Matiucce explica que a comida pronta deve ser refrigerada em no máximo duas horas, ou até menos em dias quentes.
Segundo um estudo da USP de 2021, 11,2% dos brasileiros entrevistados guardam sobras de comida após esse período, o que pode aumentar o risco de contaminação por microrganismos.
"O melhor é guardar a comida ainda quente", afirmou Matiucce. Para tornar esse processo mais eficiente, a recomendação é dividir os alimentos em porções menores, armazená-los em potes rasos de vidro e evitar deixá-los na panela em que foram preparados.
O que fazer
A melhor solução é aguardar cerca de 30 minutos para que a comida fique morna antes de levá-la à geladeira. Isso ajuda no resfriamento mais rápido e evita o crescimento de microrganismos, conforme os especialistas. Assim, a escolha entre refrigerar os alimentos ainda quentes ou esperar um pouco depende do equilíbrio entre o cuidado com a conservação da comida e a preocupação com o desempenho do eletrodoméstico.