O dia 21 de Março, é o Dia Internacional da Síndrome de Down. A data foi escolhida porque a Síndrome de Down é caracterizada pela presença de três cópias do Cromossomo 21. O objetivo principal dessa data, é a conscientização e a inclusão. Neste dia, as pessoas também usam meias coloridas trocadas, não combinando os pares. Isso foi criado para mostrar, de forma leve e divertida, a diversidade das pessoas. Isso mostra que cada indivíduo é único e, por isso mesmo, não deve haver motivos para exclusões.
E já que eu amo contar histórias, hoje vou contar essa, sobre como os filhos vêm para melhorar nosso modo de ver o mundo.
A Ana Lis é muito extrovertida. Ela ama roupas coloridas, fantasias. Ela acorda de manhã e já vai escolhendo a roupa que vai colocar, ela já pega seu “kit maquiagem” pra fazer uma make bem linda, porque a “profe vai amar”, como ela mesma diz. E se olha no espelho e fala, “que linda ficou né mãe”. Tem dias que eu falo, “Ana, esse sapato não vai ficar tão legal com essa roupa, que tal se a gente trocar?” Às vezes ela concorda, às vezes não. Antigamente, eu até tentava convencer ela de trocar os sapatos. Hoje eu não insisto mais. Claro, se a gente for a um casamento, aniversário, algum lugar que pede um calçado para aquela ocasião, eu ensino ela que nem sempre a gente pode usar chinelos, na igreja, por exemplo. E não porque os outros irão falar “olha que feio, de chinelos na igreja”. Não! É porque também precisamos aprender a respeitar certos lugares, certas ocasiões. Se a pessoa pediu para irmos com um traje social, devemos ir, porque somos convidados e precisamos respeitar a decisão dos donos da festa. Isso é viver com empatia, sem julgar. Foi assim que a etiqueta me ensinou.
Então, essa semana, eu acompanhei nas redes sociais, no dia 21 de março, esse movimento chamado “Lots of Socks” (muitas meias, em português), para falar sobre a diversidade. Olha que lindo isso. Mas, pense comigo. Alguma vez você já guardou suas meias com pares trocados no guarda-roupas, não por engano, mas para guardar assim mesmo? Alguma vez você já vestiu meias trocadas, com intenção de vestir assim? Eu até já saí com meias do lado avesso, sem perceber. Mas, como dizem que dá má sorte trocar e é melhor você passar o dia todo com elas assim, nunca desvirei rsrs. Somos criados assim, em pares, juntando os pares, fazendo duplas. E de repente, surge essa campanha pedindo pra gente trocar as meias no dia 21 de março. Repito, olha que lindo isso. A campanha pede pra gente sair do habitual e viver o mundo “diferente” naquele dia.
Voltando a história da Ana, eu compartilhei nas minhas redes sociais o post do perfil @somosumafamiliaatipica porque eu achei a ideia maravilhosa, linda, divertida, leve. E aos poucos, vi outras pessoas compartilhando fotos suas, ou de seus filhos, com as meias trocadas. As professoras da escola com as meias coloridas. E a Ana Lis, chegou em casa contando que “hoje era o dia da diferença na escola, e poderia ir de meias trocadas”. Mas ela já tinha ido com um par de meias iguais, e eu não sabia dessa ação tão maravilhosa. À noite, antes de dormirmos, fizemos um “boomerang” com os nossos pés vestindo meias coloridas. E ela achou o máximo (o Lu também gostou).
No dia seguinte, ao se arrumar para ir para a escola, ela disse “mãe, a profe disse que hoje continuava o dia da diferença, então eu posso ir de meias coloridas e diferentes né!” Ao que eu respondi: “Claro que sim Ana, você pode ir todos os dias na escola assim, se você quiser”. Este ano, a Ana Lis tem um colega com Autismo. Assim como muitas pessoas, eu sei pouca coisa sobre autismo, síndorme de down, como ajudar sem atrapalhar. Agora, mais que antes, estamos buscando mais conheicmento para entender a rotina deles e ajudar a criar bons momentos juntos. E claro que vou incentivar ela à fazer tudo que puder para incluir seu colega na rotina da escola. Conversando com uma amiga ontem, ela escreveu exatamente isso “as crianças não vêem diferença. Para eles, todos são iguais. E eles já vivem com a diversidade desde pequenos, então as coisas serão mais naturais”.
E nas aulas de Etiqueta, eu falo tanto sobre isso. Sobre a gente olhar para as pessoas com bons olhos, com olhos de empatia, de quem enxerga o outro realmente, e não apenas vê ali e tudo bem. De olhar para esses pais e pensar “E se fosse o meu filho?” Eu não ia querer atenção das outras crianças, que ele pudesse brincar com todos, aprender com todos, ralar o joelho, chorar, fazer novas amizades? Siiiim, claro que sim. Todos os pais querem o melhor para seus filhos. E, se meus filhos puderem crescer sabendo a importância que isso têm, é isso que eu vou ensinar para eles, de acordo com o que eu aprendi fazendo a formação em Etiqueta, unindo ao amor que temos em nosso coração. E hoje, acordei com um texto que essa mesma amiga compartilhou comigo, que um pai de uma menina que é autista escreveu, contando que ficou com um sorriso nos lábios por um bom tempo, depois que uma colega da escola abraçou a sua filha no mercado. A colega abanava para sua filha nos corredores, continuava a chamar seu nome e dar tchau. A Ana Lis é assim. Ela sai correndo abraçar todos que ela conhece. Ela ama abraços. Ela fala que é o Olaf, do filme Frozen “eu gosto de abraços quentinhos”.
Tenho ensinado a Ana que algumas pessoas não gostam tanto assim de abraços, e é importante ela respeitar isso. O Luciano mesmo, já não gosta tanto de beijos e abraços. Ele é muito carinhoso conosco, em casa. Mas com as outras pessoas não é assim. E tudo bem, ela já entendeu que, às vezes, o Lu não quer abraçar. Então, quando ela vê as amigas que ela sabe que amam abraços, ela já sai correndo. Os avós, tios e padrinhos, amam abraços, então ela sempre sai correndo quando vê essas pessoas. Algumas vezes, dependendo onde a gente está, ela pergunta: “Mãe, posso ir abraçar tal pessoa”? Eu sempre falo que sim rsrsrs. Porque eu também sempre amei fazer novas amizades, estava sempre com a casa cheia de amigos da escola e da faculdade. Eu só não tinha aprendido a usar meias coloridas. Obrigada filha, por me mostrar com elas ficam lindas assim, descombinadas, e me ensinar a ver o mundo com os olhos de uma criança.
Aproveito o momento para pedir sugestões de assuntos que você gostaria de ler. Porque essa coluna é para você. Nos vemos na semana que vem. Espero que essa coluna inspire você, também, a colorir seus dias.
Ter etiqueta e ser elegante é... saber segurar uma taça de espumante