Não se despedace para manter os outros inteiros!


Por Edipo Paggi

06/06/2018 09h10



Sei que muitas vezes a vontade é de dar a própria vida para impedir que o outro se afunde no lodo escuro de seus próprios problemas. Por amor tomamos decisões que a primeiro modo parecem ser benéficas para ambos, mas que no final acabam enfraquecendo o ajudante e o ajudado.

Não sei muito bem o que você anda passando na sua vida, principalmente você que se coloca em posição de ajudante de alguém. Você que é pai, mãe, irmão, psicólogo, psiquiatra, enfermeiro, bancário, caixa de mercado, não importa a sua posição, uma hora ou outra sempre iremos nos deparar com alguém precisando de nossa ajuda, e muitas vezes fazemos isso de modo a enfraquecer-nos e enfraquecer o ajudado.

Lembre-se de que você não é pai e nem mãe da pessoa a ser ajudada

Quando estiver tendo uma relação de ajuda com qualquer pessoa, certifique-se de que você esteja falando com um adulto e não com uma criança reivindicando direitos e deveres dos próprios pais. Desta forma esta pessoa acaba identificando você como pai ou mãe dela e a relação de ajuda se enfraquece, pois é impossível você ser tão grande quanto a alma do pai ou da mãe desta pessoa. Ajude exatamente do seu lugar. É imprescindível o respeito à hierarquia da ajuda nestes casos. Neste caso primeiramente vem os pais dessa pessoa, simplesmente, a mais íntegra das autoridades nas relações de ajuda, pois a primeira ajuda vinda do universo veio destas duas grandes almas, que quando unidas, geraram a sua vida e permitiram que hoje você esteja aqui lendo este texto.



Segunda antes de você!

Em segundo vem a própria pessoa ajudada. Do jeito que foi e é, as coisas aconteceram. Esta não é nem a vítima e nem a culpada da história. Se acaso você se alia ao ajudado, o enfraquecerá e dificultarão a solução. Se você julga o ajudado, está impossibilitada a relação de ajuda entre vocês, pois não haverá forma de sintonização entre ambos. Não sintonizando você nunca conseguirá entrar em contato empático para compreender o que o outro está passando, assim levando esta ajuda o fracasso. Fácil? Não mesmo! Mas necessário!

Agora sim você pode fazer algo!

E em terceiro lugar vem você, o ajudante. Você veio por último, desta forma você ajuda do seu lugar sabendo que você tem toda a possibilidade de facilitar o caminho desta alma para alcançar seu objetivo, mas quem decide trilhar é ela mesma. Você não pode infringir este espaço sagrado que todos temos que carrega toda a nossa história que torna o ser que somos hoje. Cada um tem seu tempo, cada um tem seu caminho, cada um faz as suas escolhas, é dever de cada um carregar a própria história e incluir como parte de si mesmo.

A pessoa tem o direito de estar onde está. Não se intrometa!

O universo nunca dará ponto sem nó. Se você vê alguém passando por situações difíceis você tem o direito de ajudar até o ponto que não passe por cima dela e nem de você mesmo. Não se despedace para manter os outros inteiros! É importante reconhecer esta relação de ajuda para saber até que ponto trilhar este caminho, com integridade, e que você permita a pessoa a reconhecer suas fraquezas utilizando as próprias forças para lutar por tal conquista. As suas maiores decisões foram solitárias. A conquista da sua felicidade também. É algo muito íntimo de cada ser humano que não se pode ultrapassar estas leis. Não importa o que aconteceu, você tem o direito de recomeçar (Hellinger, B)

Edipo Paggi

Profissional Facilitador em Constelações Sistêmicas Familiares e Negócios segundo os ensinamentos de Bert Hellinger, pelo Instituto Ashteer do Brasil – Nelson Theston. Nossa temática está relacionada ao autoconhecimento e seu desenvolvimento, o pensamento sistêmico, as relações interpessoais e a espiritualidade livre de dogmas e religiosidade.


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